Percebemos o quanto a adolescência é vista como momento crucial para tomada de decisões significativas e aparentemente concretas, pois denotam o início da continuidade da vida adulta. Este momento traz angústias e certezas nem sempre são compreendidas pelos próprios viventes.
Contudo, este sujeito, ainda em construção, pode e quer se implicar neste discurso. E, através de uma linguagem única, o adolescente busca compreender o mundo que o cerca e busca ser percebido e entendido na sua subjetividade.
Enquanto constituição subjetiva, o adolescente tem, como qualquer outro sujeito, em qualquer outro momento e lugar, dúvidas, contradições, desconhecimentos e dificuldades em lidar com suas questões. O acesso às informações de forma rápida e livre não garante a nenhum sujeito capacidades de excelência.
A emergência da sociedade da informação e das novas tecnologias não consagrou a autonomia do sujeito, parecendo, por vezes, mais seu contrário, onde o sujeito se põe refém.
Considerando o sujeito uma construção, a questão do adolescente pode ser observada pelo mesmo parâmetro, enquanto uma constituição discursiva, cultural, histórica e subjetiva. Há alguns anos não eram comuns assuntos, objetos ou programas voltados para adolescentes.
O adolescente também emergiu num determinado momento histórico e cultural, por isso, não é necessário se ocupar somente com as delimitações de idade, pois estas somente colocam o adolescente como um indivíduo que necessariamente é, ou seja, estático, ao contrário, o adolescente está em movimento.
Muitos autores colocam que o início da adolescência acontece com a mudança fisiológica, ou melhor, com a iniciação da maturação do corpo, contudo, apesar de toda transformação corporal designar uma mudança psicológica, não podemos deixar de pensar que se fosse possível delimitar a adolescência, num tempo cronológico, seria tão mais simples delimitar as suas questões e responde-las.
Porém, hoje muitos teóricos também concordam com a ideia de que a adolescência está se antecipando aos elementos biológicos, tanto quanto está ultrapassando ao que seria considerada idade adulta, quando a “passagem” da adolescência já teria sido resolvida.
O adolescente ainda é considerado complicado e confuso, porém, suas características são parte da construção discursiva. Palavras como: globalização, consumo, acesso, diversidade, inclusão, liberdade de expressão, ilimitado, sem fronteiras etc., são os elementos que integram e possibilitam a emergência do adolescente.
Diariamente, recebemos informações que dizem como deveríamos ser e agir, quais os conceitos de padrões de beleza, profissão e comportamento que devem ser seguidos para nos sentirmos aceitos pela sociedade.
Desta necessidade de aceitação e aprovação não conseguimos escapar e ninguém responde a tanta demanda sem sofrer – sofre porque consegue servir aos padrões ou sofre porque não consegue. E tudo isto é mais evidente na adolescência.
Mas, infelizmente, o ponto crucial nesta nova relação adolescente é com a construção social, não no sentido de construção de relações com as pessoas, mas na possibilidade de conquista da autonomia financeira. O adolescente é afastado da condição de produtor e entra na cadeia apenas como consumidor.
As consequências desta nova posição do adolescente frente às questões produtivas na sociedade já aparecem entre os sujeitos sociais. E esta é uma das vias que consideramos quando colocamos em pauta o prolongamento da adolescência.
Por isso, temos a adolescência como um ponto chave para o estudo do sujeito e da sociedade pós-moderna, pois é possível entender que ela representa os vários atributos deste momento presente.
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